segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O que é divertido?

É incrível como passar mais de uma hora esperando numa fila para entrar numa balada possa ser mais divertido do que a própria balada...

Seja por telepatia. Uma sugestão similar entre amigos. Por orkut ou msn. Por telefone ou telégrafo. Por pombo correio, sinal de fumaça ou mímica.

Começou com um:
"Vamo sai nesse fds \o/"

Eu nem sabia aonde a gente ia ainda, mas eu já tava chamando. Quando consegui juntar o pessoal na mesma janela do MSN, falei o nome de alguns bares, e perguntei. Não adiantou muito perguntar. Nem eu, nem ninguém escolheu ao certo onde a gente ia, a indiferença era coletiva. O que importa é reuni!

Foda se também! Onde a gente foi exatamente não vem ao caso. Erámos quatro. Fomos num bar e comemos alguma coisa. Depois a gente foi numa certa balada por aí, ou melhor, na fila da balada. Porque tava mais lotado que o planeta Terra! Encontrei com uma amiga que estuda música comigo. Muito inesperado, e legal. A fila continuou aumentando. Um cara que estava depois de nós, saiu dela e pediu pra gente guarda o lugar dele. Qualquer coisa eu tava com vocês, disse ele. Beleza, beleza.

O cara fingiu que era brother nosso. E deu nomes novos pra cada um de nós. A gente nomeou ele de qualquer merda também. A cara era de Guilherme, então eu chamei de Guilherme. Beleza, ele podia ir em paz pra onde ele quisesse, tava com a gente. O cara se enturmava e tentava pega os lugar junto com quem tava na frente. Acho que era isso.

Tinha um amigo japa junto com a gente! O nome que o Guilherme tinha dado pra ele era um monte de sílabas que pareciam uma mistura de japonês, mandarim, coreano e até mesmo russo! E sempre que Guilherme, o desconhecido, falava o nome do japa, era uma nova seqüência de sílabas.

O japa já estava com a entrada. Guilherme então começou com a brincadeira mais velha que Jânio Quadros: -Você já pagou sua entrada? ... "Sim, eu japa gay!". RÁÁÁ! A gente ficou perguntando pra todo mundo se já tinha pago algo. Na resposta, a gente berrava em conjunto um RÁÁÁ forçado ao extremo.

Não tinha tabu. Guilherme começou com um assunto, as DSTs. Perguntando para cada um de nós, se nós tinhamos DST. E seu pai tem ou teve DST? Berrando de uma ponta da fila à outra: "-Seu pai teve DST?" A situação era cômica. Acenavam em um lugar da fila, e a gente acenava de volta, como se fosse pra gente. Um clima massa.

Na nossa frente havia duas garotas, e um rapaz. Em um momento, a garota ficou só. Acolhemos ela com nossa rodinha, até a volta dos amigos dela. O primeiro nome que eu ouvi foi Patrícia, depois ela disse que era Camila. Nosso brother Guilherme, apresentou o japa, falando outra nova porrada de sílabas. E perguntando em seguida se ela já tinha pago alguma coisa. O Guilherme estava com uma jaqueta vermelha com duas listras brancas curvas que iam do ombro às axilas. A garota falou que tinha pensado que ele tava usando uma mochila. A gente se partiu de ri. É verdade, concordei. Agora não era mais Guilherme, era Mochileiro! E ele fumava, e ia jogando as bitucas no chão. João e Maria. Come isso passarinho filho da puta. As bitucas eram nossa marcação de que a fila estava andando, lentamente.

Os amigos dela voltaram. Disseram que eram de Balneário Camboriú. Mais tarde começou a juntar mais gente com eles três. Algumas garotas e rapazes. Um deles estava cozidaço, mucho loco, bêbado, bêbado, bêbado. Foi pergunta uma vez pra ele: "Você já pagou por essa garrafa ae?". Que depois o cara começou a criar um monte de situação, onde ele japa gava! JAPA GAY! RÁÁÁÁÁ! O cara bêbado contando a situação, e depois EEE EEOO JÁÁ PAAGUEEEEI!

E na frente, havia três orientais, que começaram a olhar meio torto pra gente. Pensando que era com eles. Mais tarde apareceu, um amigo do japa do Texas. Que falava muito bem português. O Guilherme, ou Mochileiro foi logo perguntando se o pai dele tinha DST. Eu sei lá, respondeu o cara Texano. Daí na seqüência a brincadeira do "já pagou?". Um pouco na ironia, a gente começou a achar que tava mais legal na fila do que lá dentro. Começamos a falar que a gente não ia entrar, a gente só tava na fila. E que quando fosse pra entrar a gente ia embora. Boa, vamos voltar pro final da fila! Disse alguém.

A ironia foi leviana. Era um pouco verdade. Quando a gente estava entre três e cinco metros da entrada, em compensação, havia umas trinta ou mais pessoas na nossa frente. O Spack e o Gusto, que estavam comigo escolheram ir embora. Eu que tava no volante, e também tava um tanto cansado já, concordei. Fomos embora nós três. Ficou o Japa, o Texano e o Mochileiro lá. E o pessoal de Balneário Camboriú.

Foi muito irado. Como disseram pra mim, lá dentro nem ia dá pra conversa mesmo.
Restou um sentimento resignado. Mas prometemos pra nós mesmos que íamos voltar lá outro fim de semana. A noite está nos devendo.

Óbvio. Não é o lugar, são as pessoas.

Interlúdio

Atualmente precisamos tranformar 1 dia em 72 horas. Eu gosto de escrever, e não apenas de escrever.
Os posts anteriores explicam algumas expressões que eu uso, nada que não possa ser deduzido. E lógico, parte do que eu penso, nada que exista realmente. E ainda assim, esse nada que existe, pode mudar.
Eu tenho apenas leves idéias dos meus próximos posts, então, melhor mostrar quando estiver pronto. Tudo na calma, na paz. Quando dé vontade, com gosto.

Talvez seja bom ligar alguns "postes" por "fios". RÁÁÁ! Ou não, diria Cléber Machado.